A princípio, haveria apreensão, lamentações pelo fim do velho mundo. Apegados
aos bens terrenos estariam mortos, pelo desespero de perder suas posses. Outros
sucumbiriam pela incompetência em controlar seus ímpetos.
Já dizia o mestre: “Bem aventurados os mansos e pacíficos porque eles herdarão a terra”.
Ficaríamos sem energia, sem satélites e consequentemente sem saber nada
da vizinhança, muito menos do mundo. Acabar-se-ião as grandes corporações.
Logo, não existiria, laboratórios,
bancos e indústria alimentícia.
“A espoliação dos recursos do planeta, a abundante produção de
energia ou de mercadorias, o lixo e os resíduos do consumo ostentoso hipotecam
a possibilidade de sobrevivência de nossa Terra e das espécies que nela
habitam.”
A vida na Terra teria de reorganizar-se de forma bem diferente e seria justamente esta a maior realização dos
herdeiros do planeta que deverão solidarizar-se completamente para
reestruturar-se em seu novo mundo.
Certamente, profissões, tidas como importantes,
terão desaparecido já que não existirão instituições que as utilizem.
Obviamente, não haverá o medo de perder o emprego, a contaminação por produtos
químicos, os alimentos industrializados cuja química acarretam doenças, a
poluição, governos, patrões, corruptos e.,
banqueiros a praticarem usura contra o estado
e a população,
“Esses imbecis das corporações e determinados políticos tentam
convencer-nos de que uma simples mudança em nossos hábitos seriam suficientes
para salvar o planeta de um desastre.
Enquanto nos culpam continuam poluindo sem cessar, nosso meio
ambiente e nosso espírito.”
Nesse novo mundo a doceira fará compotas em sua
própria cozinha. O cozinheiro oferecerá os pratos do dia em sua morada, o
fabricante de calçados estará na sua sapataria, a costureira costurará para sua
comunidade com tecidos que o tecelão fará no fundo do quintal.
‘’É o homem inteiro que é condicionado ao comportamento produtivo pela organização
do trabalho, e fora da fábrica ele conserva a mesma pele e a mesma cabeça.’’
Em virtude do fim das grandes corporações causadoras de todo tipo de
doença teremos muito pouca patologias sendo cuidadas com manipulações de
substâncias na própria comunidade. Serão de maior relevância as massagens,
fitoterapias, acumpunturas, yogas, exercícios diversos, passes.
Sem o império do capitalismo, as tecnologias escondidas pela cobiça e
ambição dos poderosos estarão disponíveis. Portanto, teremos formas novas de energias como a do
hidrogênio, a gravitacional, magnética.
Hoje, já há descobertas suficientes para produzir energia tanto para uso
em casas, como para movimentar veículos.
‘’O urbanismo é a tomada do meio ambiente natural e humano pelo
capitalismo que, ao desenvolver-se em sua lógica de dominação absoluta, refaz a
totalidade com seu próprio cenário.’’
Bom, escrevi este lacônico comentário porque há meses tenho vivenciado um
conto que desejava escrever, trata-se da história “Vila dos Botocudos” onde os
moradores do antigo bairro das Paineiras em Avaré vivem uma nova e diferente vida após um
cataclismo mundial. No entanto, o conto exigiria muito tempo para ser escrito,
tempo este, que não tenho tido apesar de até sentir momentos de êxtase ao vislumbrar
esta nova sociedade.
Acontece que creio plenamente na possibilidade de um mundo melhor, onde
as pessoas não viveriam sob o estigma do medo da doença, do desemprego, da
violência, da fome. Onde os homens saberão que são as empresas que precisam
dele e não eles das empresas, que a maioria das doenças origina-se na falta de
escrúpulo dos fabricantes de alimentos, dos venenos colocados no solo e aplicados
nos animais, que a miséria e as crises são forjadas pelos banqueiros. Onde o
ser humano terá conhecimento que existem até laboratórios evitando a cura
definitiva, criando vírus e depois o remédio,
que o custo de suas drogas caríssimas é extremamente baixo. Perceberão o
quanto são manipulados pela mídia e pelos governos e quantos crimes e
horrorosos sofrimentos não acontecem e se propagam por desejo e empenho de
alguns poderosos, cujo único e absoluto interesse é só dinheiro e poder.
Neste, novo mundo o homem compreenderá o planeta como um paraíso, um
presente da criação, um ente vivo a ser
curtido, respeitado e cultivado por ele e não como algo a ser explorado até a
plena exaustão.
“Mostrar a realidade, tal qual é na verdade e não tal como
mostra o poder, constitue a mais autêntica subversão.”
Assim compreendem os viventes na “Vila dos Botocudos” onde o dinheiro
será apenas um bônus chamado: “Caiowas” auferido às pessoas pelo tempo de
dedicação ao trabalho dedicado a outras pessoas, bem como, pelo esforço de
conhecimento que este trabalho exigiu.
Estando livres do consumismo incrementado pela mídia e do enorme tempo
exigido no trabalho para pagar dívidas acumuladas os moradores da Vila
imaginária, dedicam seu tempo usando a manhã em casa, para hortas, flores e cuidados em
geral, o período da tarde, dedicam à comunidade para produção de artefatos,
ensino e tudo o que precisam para viver, á noite para a distração, exercícios,
estudos e tudo o que atrai e agrada a alma.
A criatividade dessa sociedade ganha extrema importância, pois que
falicitará a vida ou encantará a
existência tornando o mundo mais belo.
Na Vila dos Botocudos, as ruas não
terão nomes de “coronéis ou personalidades violentas”, mas de flores, músicas,
poetas, árvores, pois o culto à personalidade deixará de existir.
‘’Meu otimismo está baseado na certeza que esta civilização vai
desmoronar.
Meu pessimismo está em tudo o que ela faz para arrastar-nos em
sua queda’’
Rubens Prata
NOTA: Estes comentários estão baseados em alguns livros como: 1984 de
George Owel, Guy Debort – A Sociedade do Espetáculo, Cristophe Dejoues,
A corporação,
A conspiração e outros.Alguns postados neste blog.