19 de fevereiro de 2012

18 de fevereiro de 2012

29 de janeiro de 2012

SOU CAIPIRA




Sou caipira
Não “sertanejo”
Tenho chapéu de palha
Não country
Uso botina
Não bota cow-boy

Sou caipira
De verdade
Não aprecio “balada sertaneja”
Mas me encanta a música
Que canta à vida com poesia
E formosura sonora

Sou caipira
Com sotaque
A mídia não faz minha cabeça
Mas Jesus, os livros, a vivência
“Ta ruim mais ta bom”
Não tem coerência

Sou caipira
Não empresário
O agro negócio leva soja para o norte
Traz a cana para o sul
Derruba a mata com trator.
Incendeia a Gaia que traz a vida
E eu, não derrubo a figueira
Que trará sombra para meus netos.

Sou caipira
Solidário
Não me incomoda
O veado que come a flor da abobreira
Ele é lindo!
Se a raposa soubesse...
Não precisaria roubar meus frangos
Eu os daria fritos com prazer
Portanto, reparto a abundância
Que a Terra me presenteia.

Sou caipira
Com certeza
Ensino meus filhos
Honestidade, respeito
Não cobiçar as coisas alheias
“Ai se eu te pego”
É frase feia.

Sou caipira
Com orgulho
Amante da natureza
Sou cria do Sol
Cio da terra.


R. Prata

LIBERDADE


Desenho, pinto me enlevo.
Ensaio uma dança,
Esculpo em relevo,
Com alma de criança,

Escrevo e canto,
Com música viajo,
Com flores me encanto,
Com o céu me deslumbro,
Como é lindo este mundo.

R. Prata

8 de outubro de 2011

COATZQUIL

VIAGEM A UM MUNDO DIFERENTE

Lá estava Rogério sentado à mesa sob o guarda-sol a apreciar o pessoal brincando na praia. Tudo é divino maravilhoso pensava ele ao lembrar da música com esse nome. O multicolorido do entardecer dourando a água, bronzeando ainda mais as figuras movimentando-se sob o sol alaranjado, a imagem do Cristo de braços abertos e o Corcovado davam o aval perfeito ao seu pensamento. Tudo é divino maravilhoso, repetia ele, murmurando baixo.
Aquele copo de suco de melancia em sua mão,era algo delirante. Pensava ele: melancia é mesmo surpreendente, enorme, saborosa; uma única fruta serve para  muita gente. Além do mais, tem manga, banana, jabuticaba. E assim continuou a pensar e a lembrar da incrível variedade de frutas brasileiras o que o levou a fazer um batuquesinho na mesa acompanhando a Aquarela do Brasil assoviada.
Qualquer um poderia estranhar este deslumbramento relacionado a tudo a sua volta. Estava feliz e de algum tempo para cá já vinha encantando-se com cada detalhe da vida no planeta, mesmo sendo um simples inseto ou uma minúscula flor inexpressiva que ninguém olhava.
Todo o dia não perdia um por do sol sequer, não deixava passar oportunidade de conversar e escutar com atenção a qualquer pessoa. Estava feliz a redescobrir o mundo com mais alegria do que uma criança com a novidade.
Tinha motivos de sobra para sentir-se alegre. Pois passara por situações, as quais, nunca ninguém vivera na Terra. Rogério era um desses sujeitos incomodado com tudo na vida. Ora era a baixaria na TV, ora  as crianças a gritar, resmungava com a falta de profissionalismo, contra os políticos corruptos, a baixa qualidade das músicas, a falta de assunto de todo mundo, o consumismo. São acontecimentos da nossa contemporaneidade com certeza. Mas, para nosso protagonista seria a bancarrota de toda a humanidade. Todavia, ficava bem  difícil aceitar a existência neste orbe.
Apesar de ser um crítico extremado, era honesto, justo, bondoso, um estudioso constante das coisas relacionadas à vida. Era sim, um esmiuçador, curioso e não perdia a oportunidade de correr atrás de tudo o que parecia esclarecer um pouco mais sobre os mistérios da existência humana e do cosmo.
Certa noite, quando voltava do trabalho, ficou estupefato com uma bola branca iluminada volitando sobre o jardim de sua casa. Imaginou logo que poderia ser o Boitatá. Portanto, não perderia a oportunidade de conhecer e desvendar mais esse mistério. Em certa altura da perseguição do estranho objeto sentiu-se como um bêbado impossibilitado de controlar seus passos e desfaleceu bem ali no gramado.
Acordou depois de um tempo  ao qual não podia precisar. Estava ao seu lado um estranho que irrompeu a dizer-lhe:
--Companheiro! Durante anos cogitastes estar noutro planeta, olhavas o firmamento durante a noite imaginando como seria bom estar num mundo onde não houvesse atribulações como as da  tua morada. Desejavas outro alimento, reclamavas de tudo, não suportavas os netos. Agora teus sonhos, realizar-se-ão, tu poderás viver em Coatzquil.
Um calafrio incontrolável, acompanhado de arrepios tomara conta do corpo de Rogério. Está certo que era um curioso e queria conhecer algo novo, mas aquilo era além do suportável para emoções humanas. Quem seria esse ser conhecedor da sua intimidade. Como poderia tal fato acontecer. Será que já me observavam há muito tempo?
Deduziu Rogério que mesmo tentando controlar seu pensamento para não emitir idéias errôneas, nada passaria  desapercebido. Fatalmente conheceriam seus recônditos mais inconfessáveis.
Aquelas magníficas e grandes criaturas, com roupa brilhante não demonstravam esforço nenhum para causar empatia. Seus grandes olhos negros eram penetrantes e magnéticos parecendo olhar além da personalidade nas profundezas da alma. Profundezas estas, cuja própria pessoa não conseguiria conhecer de si mesma. Portanto, era natural um receio muito grande da parte de Rogério; receio certamente notado por tais entes. 
Quando o terráqueo estava prestes a  ter convulsão um daqueles indivíduos traz-lhe um alimento em recipiente transparente tratava-se de uma substância rosa parecida com um mousse por baixo, em seguida vinha uma camada vermelho transparente amarelando até chegar na última camada com aparência de geléia de mocotó. Era saborosíssima, saciava a  qualquer fome, repunha imediatamente as energias do corpo de forma a restabelecer até o humor de Rogério e o mais impressionante era o fato de ser a comida não existente na Terra  a qual nossa personagem imaginava existir ou tinha lembranças em seus desejos.
Um zunido aconteceu ao abrir uma imagem de parede inteira mostrando a aproximação de Coatzquil. Uma cidade sombria, com variações de chumbo e negro, cujos edifícios se projetavam as alturas num céu cinzento e esfumaçado.
Desta vez, no desembarque foi preciso colocar uma espécie de aparelho em torno do pescoço de Rogério, aparelho, o qual traduziria e faria traduzir toda   conversa com os, assim chamados, tutelados - os naturais do planeta. Estes, por sua vez, usavam macacões chumbo; eram magros, baixos e pálidos, mais para acinzentados do que para salmon. Foram orientados  pelos mentores (descidos da nave) a levarem o novo morador a uma hospedagem até segunda ordem.
No caminho, só pequenos veículos em trilhos, telas para todos os lados, transmitindo palavras de ordem, nenhuma figura, nada de cores, nenhuma árvore, planta ou mesmo brisa. Não havia som de música ou pássaros, só um enorme burburinho de infinitas máquinas trabalhando. As janelas eram todas sem vidro mas resguardadas com ferros ou malhas.
         Os tutelados nada falavam, só inflamavam mais e mais a repugnância despertada no nosso principal personagem.
Na hospedaria alguns abrigados se refestelavam em frente a uma grande tela transmitindo  inexplicáveis e contínuas situações vergonhosas onde se expunha os mais íntimos sentimentos
 e defeitos de um ser que nem se podia chamar exatamente de humano.
         Exausto, Rogério solicitara um quarto ao hospedeiro, mas antes o tutelado, apresentando um sorriso debochado ofereceu-lhe um prato de comida, cuja  pasta escura apenas esboçava uma ligeira cor verde. Alimento  este, de afugentar o apetite de qualquer esfomeado.
         O quarto mais parecia um submarino apertado lotado de treliches  metálicas com janelinhas gradeadas com malhas que davam para a rua a vários metros abaixo. Seria este ínfimo espaço de apenas uma cama a morada onde teria de viver todas as suas particularidades neste planeta?  Matutava Rogério.
         Na cama, as aterradoras  constatações conspiravam contra o sono. Nenhum gatinho para afagar, um cachorro alegre a abanar o rabo para gente. Faltava o azul do céu, um Sol para marcar o tempo iluminando a vida. Quem sabe este povo sem expressão nenhuma para despertar sentimentos, não conheça música, teatro, artes, flora, fauna, culinária? Talvez cores!
Por que tanta diferença entre os mentores e os tutelados? Seriam os mentores alienígenas a escravizar este mundo de almas vazias para extrair deste lugar elementos necessários para sua subsistência?  Como se rebelar então se eles saberiam  de antemão o desejo de qualquer um? Ai meu Deus! Saberiam até o que penso agora!
Não tem escapatória! Estas palavras se repetiam continuadamente na mente de Rogério até descambar em sono profundo.
Ao amanhecer, os mentores ordenaram que lhe servissem um alimento especial, já que o terráqueo recusaria a pasta servida costumeiramente no albergue. Contudo, Rogério deveria se apresentar no grande espetáculo dos habitantes de Coatzquil. Ofereceram-lhe uma roupa limpa cheia de apetrechos brilhantes nada agradáveis a ele. Porém, tudo era conduzido maquinalmente, sem nenhuma explicação. Com a recomendação de não perder, depuseram sobre suas mãos  um objeto parecido com um cetro de vidro com luz pulsante e o colocaram num veículo de dois lugares que trafegava sobre os trilhos já vistos anteriormente. 
        O longo caminho só confirmava o que constatara na chegada,  absolutamente nenhuma criatividade no percurso, nem ao menos vento, só as gigantescas telas colocadas em seqüência de forma a nunca sumir da vista em qualquer lugar.



Nas telas, enquanto Rogério refletia sobre esta grande mídia ininterrupta ditando os usos e costumes da região,  iniciava o grande show no qual um tutelado sempre fazendo chacota apresentava convidados - todos eles com um cetro idêntico ao dele nas mãos. No programa eram expostos os defeitos de caráter, de cada um. A cada deformidade a platéia gritava. Alguns convidados faziam palhaçadas, outros choravam copiosamente fazendo os espectadores  delirarem ainda mais – inclusive nas ruas. Era, como se estivesse acontecendo uma grande copa do mundo. Quem ganharia este  campeonato de puro escárnio?
Rogério, terrificado,  percebia agora seu destino. Afundando-se no assento do veículo conjeturava que aquele era seguramente um planeta subjugado – não com o  uso de armas, mas por causa da nulidade de seus habitantes. Ou seja, eram prisioneiros  por seus próprios defeitos. Seria a falta de solidariedade, respeito, dignidade dessa gente a levá-los à escravidão ou, a servidão de longo tempo os fizeram perder totalmente sua comiseração? Indagava interiormente  Rogério.
O viajante ao lado aproveitando-se do pavor de Rogério, mesmo porque nosso personagem murmurava alto sobre seu desconhecimento das regras daquela civilização, sugeriu a ele que quebrasse seu cetro pois sem o referido instrumento não participaria do espetáculo.  Sem pestanejar, carregado de raiva, arrebentou o objeto contra a lateral do carro. Luzes maiores e um estouro se desprendeu do cetro ao quebrar-se. O tutelado, ao lado, não continha a risada de deboche.  Imediatamente a cena tomara conta dos telões da cidade. Rogério, portanto, ficou sendo a estrela principal do grande espetáculo no momento.
As câmaras o acompanhavam até a chegada na grande arena onde os convidados eram oprimidos. O apresentador excitava a platéia anunciando a maior zombaria dos últimos tempos.
--Teremos aqui este estrangeiro roliço e inchado que solta baforadas de fumaça pelas ventas. Anunciava o mestre de cerimônias referindo-se à gordura e o hábito de fumar de Rogério.
Ele é maior do que nós, mas qual seriam seus segredos mais íntimos? Continuava o locutor.
Tremor incontrolável apoderava-se do corpo de Rogério  enquanto se esforçava para banir de si qualquer emoção.
De repente, numa explosão de ódio e coragem bradou em público o estrangeiro:
--AHHHHH!...
Vocês não sabem o significado de liberdade?
Liberdade é a consciência de estar livre, de não ter mandante, de fazer só o desejado, de dormir e levantar quando tiver vontade.
Isso é liberdade! Eu venho de um planeta azul,  muito lindo, onde os seres como eu são  livres quando pretendem.
Azul! Vocês nem avaliam a cor azul. Aqui tudo é mortificante, sem cor, sem alegria.
Escravidão! Fatalmente desconhecem esta palavra também. Escravidão é a situação na qual vocês vivem, como prisioneiros, obrigados a fazer tudo o que os mentores exigem. São cativos de sua própria ignorância.
Enquanto ele falava o alvoroço tomava conta dos ouvintes. O apresentador gritava:
--Vai para o trono ou não vai? 
Merece a coroa ou não?
--Está certo! Está certo! Sentimento não se ensina só com discurso.  Minhas palavras serão sempre vãs para analfabetos de emoções. Respondia Rogério sem importar-se mais  com a ciência dos mentores.
A balbúrdia tomara conta da cidade, enquanto o filho  de Gaia  deduzia que só um ser Crístico poderia  ensinar esse povo sem esperanças  e mesmo assim, demorariam milênios para assimilar a orientação do Mestre.
Ao lembrar do mar, das aves, do por do Sol nosso aventureiro amealhava forças para agir. Afinal era ele mistura de muitas raças, o próprio sal da terra, um homem livre que nunca deporia suas armas, os seus argumentos libertários, a sua feliz anarquia. Portanto, altivo, simplesmente  retirou-se da arena e caminhou pela cidade dono e senhor de si mesmo.
Muita gente o seguia esperando um desfecho surpreendente para o show do dia. Mas, a consciência de sua humanidade terrestre lhe conferia tal magnetismo a ponto de fazer  calar a multidão a aumentar a sua volta. Os telões de todos os lugares mostravam o espetáculo de um homem capaz de quebrar todas as regras ao realizar sua própria vontade.
A lembrança dos amados deixados na Terra entristecia nosso herói que não abaixava a cabeça e nem mostrava medo. Estava decidido, a morte seria o final de sua peregrinação. Além de livrá-lo do martírio da servidão, tornar-se-ia o precursor de alguma pequena conscientização de liberdade naquela gente sem princípios.
Entrou num edifício, sem importa-se com os presentes subiu as escadas cada vez a passos mais largos e decididos, os andares se sucediam apresentando sempre as mesmas grades nas janelas até chegar ao último, um terraço onde havia o parapeito. De pé, em cima da mureta, Rogério olhava a multidão lá embaixo. Os telões já o mostravam novamente nas alturas. O povo talvez até tivesse alguma piedade ao vê-lo precipitar-se.
Na aflição da queda ouvia seu neto:
--Vovô! Vovô! Olha o desenho que fiz para você. De repente um grande susto acelerava seu coração, uma chacoalhada seguida de um ensurdecedor estrondo.
--BUUMMMMM!
--Chuva! É chuva! Bradava continuamente Rogério não cabendo de contentamento ao sentir a água caindo no seu rosto. Abraçando seu neto repetia:
--O Boitatá é um anjo! O Boitatá mostrou-me que viver aqui  na Terra usufruindo este grande presente do Criador é tudo do que precisamos.
--Ah vovô! Todo mundo te procurando e o Senhor aqui deitado na grama. Eim!
--“Água que nasce na fonte
Serena do mundo
E que abre um
Profundo grotão
Água que faz inocente
Riacho e deságua
Na corrente do ribeirão...”

Dançava e cantava assim nosso herói.
,--Pare de dançar na chuva vovô. Está trovejando!
--BUMMMMM!
--Vamos entrar Toninho!

Um ano depois, sob o quarda-sol da mesa,  com um delicioso suco de melancia, assoviando Aquarela do Brasil, retira o notbook  e escreve:

MINHA CASA

Quero ficar com o pé no chão.
Não quero dar voltas pela galáctica.
Não vou viajar num disco voador.
Nem desejo conhecer a Via Láctea.

Meu gênio animal está perfeitamente adaptado,
para aqui existir.
É aqui onde posso ter liberdade.
Aqui, onde tenho raízes profundamente plantadas.
Aqui, onde minhas sementes foram espalhadas.
As sementes que dão frutas:
caqui, jabuticaba, sapoti
As sementes que dão frutos:
consciência, caráter, dignidade.
.
O planeta Terra é minha única casa!
Não tenho onde ir!
Não posso partir!
Não há como sair!

Devastar deve ser motivo para a guerra.
Queimar a floresta é matar nossa vida.
Derrubar árvores é roubar nossa Terra.
Essa gente assassina,
só pode ser tratada como bandida,
deste planeta,
deve ser banida.

Não sou forasteiros.
Sou filho da Terra.
.Sou feito de água
do rio,
do céu.
do mar,
Fui esculpido com o pó da terra
Preciso do ar.

Sou da terra o sal.
Sou aquele que faz a diferença,
Sou mesmo o mineral,
Sou aquele que pensa.
Sou guerreiro.
Sou bravo.
Sou forte.
Posso enfrentar o poder,
até a morte.

Minha arma é minha língua.
A luta é minha sina.
Venha comigo,
quem a mim se afina.
Nosso canhão é a palavra.
Nossa metralhadora a internet.
Nossa bomba atômica é a atitude

Sai da frente
que eu atropelo.
Minha bandeira
é o planeta Terra.
Minha arma é o verbo.
Minha paciência já era.

Rubens Prata

30 de setembro de 2011

O medo é importante para preservar a vida, mas seu exagero torna as pessoas perigosas e piores ainda quando o medo for de mudanças.

UBIRAJARA E O OVINI

Como sabemos, Ubirajara era apicultor e uma das suas tarefas era retirar enxames na mata e transferi-los para suas colmeias Langstrot especialmente preparadas para uma apicultura produtiva com muita técnica. Tarefa esta, que fazia sempre acompanhado de sua esposa, a mais perfeita profissional.
É da praxe dos experientes apicultores retirarem os enxames de dia, quando se pode localizar bem a rainha e transportá-los para o colmeal definitivo à noite, pois abelha não voa no escuro.
Madrugada adentro, se poram a caminho do colmeal para descarregar
os enxames devidamente instalados nas novas caixas.
Os caminhos eram sempre íngremes, em estradinhas de terra que muitas vezes a erosão das chuvas fazia enormes buracos na lateral da pista. Portanto, era preciso muita cautela ao dirigir.
Acontecia uma das mais maravilhosas noites já vistas no planeta. O céu estava limpo, não tinha Lua, o que realçava a extrema beleza do cosmo, assim como, a profusão infinita de estrelas. Só quem mora em sítio, longe de qualquer poluição e luz artificial já pôde ver uma noite destas.
Cuidadosos com as surpresas da grande descida da estrada iam os dois cantarolando e prestando atenção aos buracos e pedras do caminho quando um acontecimento incendiou até a última entranha da alma do Ubirajara e congelou o corpo de sua amada até o mínimo fio de cabelo. Tratava-se de uma fortíssima luz que descia vagarosamente de entre as estrelas para a Terra. Sua luz realçava muito no centro e se estendia afinando gradativamente para as laterais. Era mesmo uma visão de outro mundo.
-- Olha lá um disco voador Zélia! Gritara emocionado Ubirajara em meio a mesclas de entusiasmo e sensações inenarráveis.
-- Meu Deus! Exclamava sua fiel companheira.
Acelerava a perua mais e mais a fim de não perder em hipótese alguma a oportunidade de ver pessoalmente a inusitada aterrissagem de uma nave espacial.
Justo ele um curioso, esmiuçador nato, pesquisador das coisas da vida e da natureza. Ele que conhecera e desvendara o mistério dos fantasmas de Andrade Silva, que conhecia animais desconhecidos, como a cuíca que viu e pesquisou até descobrir que era um marsupial brasileiro. Ele que fez regressão até outras vidas, que despencara com caixa de abelha de uma cachoeira, que correra de touro bravo, que pôde visualizar até a flor negra. Ele que desvendou o mistério da Mãe da Luz sozinho. Não iria fugir a oportunidade de experimentar o maior evento da raça humana – os contatos imediatos de terceiro grau. Ah! Isso não ia não!
Dizia explodindo de ânimo que precisavam correr para não perder os etezinhos apeando da nave.
Sua esposa apavorava apelava em nome dos filhos:
--Como ficariam se nós sumíssemos. E se eles nos abduzirem, enfiarem coisas na gente, nos maltratarem ou matassem...
Falava sempre tentando fazer a perua parar enquanto Bira acelerava mais e mais. O terror de Zélia aumentava até despencar a rezar continuadamente, apelando ao Criador que o dissuadisse de tal empreitada, que os protegessem e guardassem seus filhos.
Naquele tempo não se falava em implante de dente e Bira respondia.
--Olha querida, a gente está com os dentes estragados, quem sabe eles não tem uma técnica de fazê-los vivos e fortes novamente – um implante por exemplo. Além do mais, você é diabética, com certeza devem ter medicina superior que faça restabelecer seu pâncreas ao normal ou tenham lá, um órgão biônico para qualquer problema. Imagine sua alimentação, deve ser tão bem elaborada que um só suquinho deve nos satisfazer mais do que qualquer alimento além de repor todas as nossas energias novamente.
--Eu falo em nome de Deus. Por favor, não vá! Ouça o que estou te dizendo!  Gritava ela espantada.
Enquanto Zélia reclamava, a perspectiva da aproximação dos Ets, inflamava cada vez mais a alma de Bira que comentava:
--Vou pedir a eles alguma coisa feita de um material que não existe na Terra para provar a todo mundo que tive realmente este contato. Espero que nos ensinem um pouco sobre viagens inter-estelares, pois sabemos que é praticamente impossível alguém viajar pelo espaço de um sistema estelar a outro. Deve haver alguma passagem, por dimensões que nós, pobres terráqueos desconhecemos, haveria espaços intermediários que nos permitissem viajar pelo cosmo? Aparelhos anti-gravitacionais que utilizam? São tantas as coisas que poderemos conhecer com este contato que nem importa que morramos depois, ou se implantarem algum aparelhinho em nosso corpo para nos comunicarmos com eles. De qualquer jeito, tudo vai valer a pena!
Quanto mais se aproximavam, mais sua querida murchava no banco, encolhia-se sem querer ver mais nada com as mão sobre a cabeça e olhos cerrados. Até que um grande grito de decepção quebrou o silêncio.
--Caramba!...
 Que pena!...
 Meu bem não é um disco voador , é só um Fiat com a frente amassada vindo pela estrada com os faróis virados um de frente para o outro, de forma a criar aquela forte luz no centro, se expandindo para os lados.
 Olhe lá a subida atrás dele. Ele vinha descendo daquele morro em meio a uma planície cuja escuridão não nos deixava perceber a elevação aqui na frente. Por isso é que vimos essa luz parecendo estar descendo do céu.
Enfim, para alívio da Zélia, a aventura dessa noite terminara.

R. Prata

OBS..: Essa história é verídica, só os nomes foram trocados.
          As fotos são bastante semelhantes ao que viram.

AS PESSOAS MAIS IMPORTANTES DO PLANETA

 Detesto ralé,
Baixaria, ignorância,
Prepotência.
Portanto, só tenho amigos de suma importância.
Gente de fino trato mesmo,
Indispensáveis à existência humana!
Nunca comem caviar nem tomam whisky,
Não se escondem debaixo do manto religioso,
Nem ostentam canudos nas paredes.
São eles que trazem luz aos lares,
Que providenciam um teto para nossa moradia,
Que propiciam o alimento para nossas mesas,
Que disponibilizam móveis paras nosso conforto,
Que ministram o necessário lenitivo para nossas dores,
E, muitas vezes até nos curam.
São eles os mestres que ensinam nossos filhos,
Que trazem um pão a todos e a cada dia.
E por incrível que pareça tem alguns, cuja especialidade é:
Trazer-nos alegria,
Encantar a alma,
Deixar mais bonita a vida.

São eles: pedreiros, eletricistas, barbeiros, marceneiros, enfermeiros, padeiros e todo essa leva de trabalhadores que tornam o mundo habitável e melhor.

R. Prata

29 de setembro de 2011

Quantos hipócritas se escondem debaixo do manto da religião e  por traz dos títulos acadêmicos para esconder sua extrema vilania?
Por mais que me sinta um cidadão do mundo,
Por mais que me distancie do regionalismo,
Por mais que eu seja eclético,
Por mais que eu adentre as entranhas do mundo,
Navegando na Internet,
Por mais mistérios que eu tenha desvendado,
Por mais livros que tenha lido,
Por mais que estude continuadamente,
Por mais que medite
A arte sempre será infinita.
E eu, apesar de tanto empenho,
Tenho sido só uma repetição de mim mesmo.
É preciso nascer de novo para encontrar o reino dos céus.

. Não são os problemas do dia a dia que mais me incomodam, mas sim minha incapacidade de transformar-me com o tempo.
R. Prata
Fico triste e preocupado de fato quando não tenho ideias.
R. Prata
A liberdade é a base da criação do conhecimento
Até é possível compreender alguém ter medo do escuro. Mas é inadmissível aceitar as pessoas que tem medo da luz.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto."
Rui Barbosa

7 de setembro de 2011

"Todos nós nascemos originais e morremos cópias"
Carl  Jung

AMIZADE


Amizade, de fato, é amor verdadeiro.
Amigo é o cara o qual você pode falar de todos os seus defeitos sem que ele ralhe contigo.
Amigo te mostra o quanto é generoso te atacando, fala mal de você e assim mesmo, a gente adora a companhia dele.
Amigo é um cara que faz sem perguntar por que.
O interessante é que a única coisa melhor do que ter novos amigos é conservar os velhos amigos.
A gente pode até despachar pessoas que nos foram caras na vida. Mas amigos...
Esses são imprescindíveis. Por isso mesmo, preservo-os com carinho. Tenho até certeza que morreria sem eles.
Quando a idade vai avançando, a gente dispensa muita coisa na vida, menos amizades cujo tempo só solidifica.
Pois é, tenho, cultivo, gosto e preciso de amigos. Há aqueles que estão no mundo espiritual, os que passaram por nossa vida e o tempo não deixa esquecê-los, outros passaram por mim e os espero de volta, uns estão perto, outros longe. Tenho amigos que até nunca vi, pois são virtuais, outros distantes, espero vê-los esporadicamente.
Alguns nem concebem o valor da minha amizade, não percebem  a disposição incessante que tenho em ajudá-los mesmo que não saibam, mesmo não acreditando que lhes tenho amizade.

Enfim, queria ter palavras bonitas para os amigos e penso não haver palavra mais linda como a AMIZADE.

R. Prata
"Ser normal é a meta dos fracassados." 
Carl Jung

A gente estuda muito durante 50 anos, lê milhares de livros durante esses anos todos para descobrir finalmente que nada sabemos.

SÓ SEI QUE NADA SEI

As pessoas dizem de fulano, de ciclano,
Que é isso ou é aquilo,
Que fez ou não fez,
É desse jeito, de outro jeito,
Não tem jeito.

A tudo rejeito,
Porque de tudo só tenho uma certeza:
Só sei que nada sei.

R. Prata
O que nos leva a uma vida mansa é a velhice que nos rouba a vitalidade para uma vida ativa.

OBRIGADO MEU CRIADOR

A orquídea permanece formosa no vaso.
As rosas explodindo abundantes,
Esparramam aroma benfazejo no ar.
A musica. Escolhi meticulosamente a melhor.
A estátua aguarda o trabalho de amanhã.
Orei, meditei!
Paz retomada volita na casa,
Paz reforçada invade minha alma.
O por do Sol aguarda-me para mostrar-se desnudo logo mais.
O trevo está com quatro folhas,
A escrever voltei,
A arte apaixonada me espera
Para ter relações comigo o resto da tarde.
Espero. Abraçá-la madrugada adentro.
Por tudo, dou graças ao Criador.
Obrigado,
Obrigado,
Obrigado,
Obrigado,
Obrigado

R. Prata
Ser criança é ser um fedelho obrigado a  comer o que não gosta, a não comer o que gosta, a dormir quando está repleto de energia e a levantar quando está morrendo de sono.

HÁ UM ANO

Há um ano,
Não crio novas esculturas
Há um ano,
Não escrevo bela poesia
Há um ano perdi minha veia artística
Há um ano,
Não encontro minha alma
Há um ano,
Perdi minha vida.

Deus meu. Peço-TE,
Devolva minha arte.

R. Prata
Celebridade é aquele que não tem nada a dizer, não sabe como dizer, nem porque dizer.