1 de agosto de 2011

Escrever é a maneira mais rápida para desenvolver-me.

Daniel Namkhay - Um Bolero Galáctico

Uma pessoa feliz é sem dúvida o resultado inevitável de uma pessoa muito amorosa.

A BELEZA ETERNA

Dizem que a beleza acaba com os anos.
No teu caso, a beleza cresce com o tempo,
Na serenidade dos teus atos distantes da agitação juvenil,
Na paciência infindável que a vida lhe ensinou,
No pedaço de mistura que sempre reserva para aquele que ainda não comeu,
Na coragem que tens ao brincar com os netos mesmo sem força,
No sorriso singelo que dispensas mesmo quando seu corpo doe,
No perdão irrestrito que dispensa a quem te fere,
No amor incondicional que dedicas a mim, apesar dos meus defeitos;
Na capacidade de não se chocar com nada, porque já passou por todas as vicissitudes da vida;
No jeito sincero que ainda me admiras.

Pois é, o tempo passou, mas o brilho no teu olhar ainda é o mesmo, o corpo continua de menina e seu rosto guarda os traços de uma criança que somado a sabedoria do tempo vivido, só te faz mais bela a cada dia.

R. Prata
Sempre chega um dia em que descobrimos que afinal, nada ainda sabemos.
Tem o assassino que comete o crime, a tv que explora o acontecido e o telespectador que se compraz com a notícia.

AQUELE PEDAÇO DE IPÊ ROXO


Um desgosto profundo me abate,
Os livros nada mais me dizem,
Aquele filósofo perdeu a palavra,
A curiosidade secou.

Um vazio me inunda,
As contas ficaram,
Não tenho bandeira,
O corpo pesou.

Não fui a Paraty,
Nem vou sair daqui,
Minha arte estacou.
Penso:Já morri!

Um pedaço de ipê roxo me arrepia,
Aguardando que o esculpa.
É duro, fétido e me dá alergia.

R. Prata
Escrever é uma maneira de conhecer viajando para dentro de si.

O NEGÓCIO DA CHINA

Cansado de ver a proliferação incessante de corruptos na nação, inclusive aqui pertinho na própria cidade, decidi interromper o trabalho  - necessário para o sustento dos meus queridos – para uma atitude que há muito espera por todos os brasileiros.

Encaminhei-me ao Largo São João, em Avaré, onde manifestar-se-ia o Movimento pela Moralidade na Política para ser, pelo menos, uma pequena inescutável voz  a mais na multidão.
Na praça, não avistei atividade alguma, mas uma barraca montada me chamou a atenção. Afinal, se não fosse lá a manifestação, quem sabe, poderiam informar-me sobre o protesto.

Perguntei sobre o movimento, nada sabiam, mas um pastor ansioso por neófitos perguntou-me se conhecia a Bíblia - só eles parecem não saber, que lendo ou ouvindo, todos nós, de certa forma, conhecemos o referido livro – mas, essa era deixa para examinar melhor a possibilidade de um novo lucrativo fiel.

Ofereceu-me uma oração, assim em público, na bucha. Mas, lembrei-lhe o Mestre a nos ensinar que ao nos dirigir ao Criador, devemos nos recolher na intimidade de nossos aposentos e assim na solidão, com sinceridade recorrermos ao Senhor.

Conversa vai, conversa vem , o fulano me perguntara se gostava de ler, afirmei que só lia artigos do meu interesse e não o que os outros tentavam me impor. Ofereceu novamente uma oração e eu, mais uma vez apelando ao Divino Modelo, comentei as palavras de Jesus falando que quando fizermos alguma coisa por alguém não devemos tocar trombetas, nem subirmos aos telhados para chamar atenção.
Para não alongar, ele me ofereceu um jornalzinho de sua crença, cuja capa trazia o lançamento de um livro dizendo: “Experimentar CRISTO com as OFERTAS para apresentá-lo nas reuniões da igreja”. O livro realçava o antigo testamento como um retrato maravilhoso de salvação que Deus proporciona ao homem. Além desse visível apelo ao dinheiro, havia dentro do jornaleco uma proposta de assinatura do jornal.   

Dizer a ele que a espiritualidade se manifesta inteira quando nos despimos dos conceitos, dogmas e sensações de classes, construída ao longo do tempo, que a espiritualidade é uma dimensão da pessoa traduzindo-se através dos seus atos, gosto e estilo de vida, sempre buscando transcender a realidade para dar um sentido melhor à existência seria demais. Portanto, despedi-me educadamente e continuei a busca pelo Movimento pela Moralidade na Política até encontrar a pequena e admirável turma na praça do Mercado Municipal, com nariz de palhaço, distribuindo panfletos entre motoristas, os quais faziam sinal de positivo atestando o valor do movimento.

Está aí, um nítido retrato do dia a dia, mostrando o tanto a caminhar para chegar a uma sociedade mais justa e moralizada. Se de um lado temos políticos corruptos proliferando no roubo à nação sem nunca serem presos, temos o outro “negócio da China” milionário, isento de qualquer imposto, e que não gasta nada para produzir coisa nenhuma comercializando a palavra “de deus”, retirando assim, o resto do dinheiro dos pobres incautos.

Que Deus abençoe os palhaços, os artistas, os Quixotes de hoje e faça reencarnar milhões de outros para melhorar nosso belo planeta.

R. Prata
Ficar calado é um privilégio daqueles que tem muito a dizer.

25 de julho de 2011

VRASPALA


Ando sem inspiração para escrever, talvez deva iniciar com: VRASLAPA OU PALAVRAS. Não sei.
Como falar do nada?
Onde está à indignação, a revolta, o guerreiro?
Falta-me juventude ou a experiência da idade ensinou-me que o nada a fazer é o melhor a fazer?
Uma saída seria colocar a culpa na globalização,
Efeito Estufa
Do consumismo,
Do culto ao corpo,
Refluxos de indiferença.
Reflexos dos Excessos,
De crenças de possessos,
Da idolatria do dinheiro,
Do luxo,
Das marés de luxúria,
Das “noures” de baixaria,
Da apologia da porcaria.
Ta certo! Tudo isso é influência incontestável demais para um acuado mortal.
Mas...
Nem sou fruto do meio, menos ainda escravo da mídia.
O que posso dizer?
Só VRASLAPA!

Rubens Prata
Apesar dos médicos e advogados terem invadido a TV e o Rádio, não consigo mesmo assisti-los ou ouvi-los porque os crimes prescrevem, ricos não são presos, e quanto a medicina tudo o que falam que existe eu nunca vi e nem consigo ver um especialista.
O Dólar  é o deus do mundo
O dinheiro é o deus do homem

SARUÊ


Eh Sarauê...
Eh Sarauá...

Eu canto pra moça na janela,
Eu canto pra mágoa espantá,
A música é meu documento,
Eu venho das terras de lá,
Adonde nasce o vento.

Eh Sarauê...
Eh Sarauá...

Eu canto pro povo encantá
Eu falo dos bons sentimentos,
Da vida em todo lugar.

Eh Sarauê...
Eh Sarauá...

Poemas são feitos pra amar,
Faço versos pra Lua e pro mar.
Em versos eu quero contar,
Do povo, da vida e da dor.

Eh Sarauê...
Eh Sarauá...

Faço rimas pra musa e pra dar,
Eu canto pros males curá,
Poemas pra muito te amar.
Histórias eu quero contá,
Do homem da lida,
Da vida em todo lugar.

Eh Sarauê!
Eh Sarauá!

Rubens Prata 
Obs: 
SARUÊ É uma canção que tentei escrever alguns anos atrás.

20 de julho de 2011

Hoje, distraído, me atrasei para ver o presente que o Criador traz para mim todos os dias. Mas, na última hora corri e ainda pude ver algumas cores do espetáculo do por do Sol que se deita no fim da minha rua. Obrigado, Obrigado, Obrigado...

17 de julho de 2011

Bendita seja esta mulher
Que dá sentido a minha vida
Bendita seja a Lua
Que embala nossos sonhos
Bendito se o Sol
Que ilumina e da vida e beleza a nossa Terra
Bendito seja Jesus
Que ilumina e mostra o caminho certo
Bendita seja minha rua
Que guarda meu endereço e deixa por perto os bons vizinhos

R. Prata
Tem atitudes que acenam para um mundo melhor. Numa decisão definitiva e irrevogável o Governo alemão decidiu substituir todas as suas usinas nucleares. No Japão houve manifestações contra as usinas nucleares. Na Itália, em plebiscito a população votou maciçamente em prol da desativação das usinas nucleares, bem como, contra a imoralidade. Gente. Isso tudo não soa como uma melhoria de nossa humanidade?

Político é um cara que consegue transformar um protesto contra ele num  movimento patrocinado por ele.

É SÓ UMA QUESTÃO DE BOM GOSTO


Desculpe-me o leitor por comentar um tema transformado, inegavelmente pela mídia, em tabu nos dias atuais. Acontece que jovens, parentes, filhos vem afirmando: “Gosto não se discute”, “Tudo é uma questão de gosto”. Até celebridades do mundo das artes asseguram que “brega é chique”, “sertanejo é MPB”. E, assim, tudo vai ficando “chik no úrtimo”.

Quem sou eu para discordar de tamanhas “sapiências”, mas me incomoda saber quanto tempo perdemos. Pois, há pessoas idosas que continuam a estudar muito a fim de aprimorar cada vez mais seu trabalho e acreditam eles, necessitarem de novas vidas para concretizarem seu desejo de fazer cada vez melhor.

Já que brega é chique e sendo o lucro fácil o mais importante,
porque então, não realizar trabalhos mais rápidos, sem qualidade, sem critério, estilo ou  acabamento para ficar bem na moda. Afinal tudo será apenas uma questão de gosto e não de beleza ou qualidade.

Por que então faculdades de letras, belas artes, música?
Para que preocupar-se com capricho, estética, estilo?

É lógico, optar por uma coisa ou outra, ter gosto próprio, é prerrogativa de cada um, mas o bom, o belo, o poético, o encantador, requer conhecimento, habilidade, bom senso, inspiração e muito suor para produzi-lo e se a gente deixar de perseguir estas virtudes estaremos caminhando para a perda de tudo de bom que a humanidade produziu até hoje.

Arte de fato, esclarece, encanta, embeleza, desperta sentimentos, emociona. Portanto, não é uma questão só de gosto, mas principalmente de sensibilidade.

Às favas com os apologistas do gosto que não se discute e que o melhor nos acompanhe hoje e sempre.

Rubens Prata

P.S. É bom lembrar que a mídia, cria necessidades, exclui outras, promove princípios destrói outros e assim muda a maneira dos usos e costumes conforme  convém a indústria, ao comércio, aos políticos a  alguns religiosos e a própria mídia.

5 de junho de 2011


Penso. Logo escrevo.”

NOSSO TREM



Ah! Trem...
Passei pela estação,
Não entrei
Doído de indignação.
Gente que vem,
Gente que vai.
Acabou! Não tem.
Onde foi o vendedor de amendoim do vagão?
Como pôde tanta devastação?

Não tem vintém,
Não tem vintém,
Não tem mais trem,
Não tem mais trem.

Acabou o ritmo!
Doeu. Doeu no íntimo.

Não tem mais trem,
Não tem mais trem.

Cadê o embalo
Da mãe locomotiva
A embalar, a balançar,
Como a nos mimar
Com sua canção de ninar?

Não tem mais trem,
Não tem mais trem.

A moldura da Janela,
Já não mostram mais os quadros
Da casa no campo,
Da vaca no pasto,
Do céu azul,
Da vila.
A alameda,
O riacho,
A cachoeira,
Nunca mais acho!

Não tem mais trem,
Não tem mais trem,

É, não vou mais A Machu Picchu em trens!
Como pôde, alguém que o povo elegeu,
Vender o que era meu,
Vender o que era seu?
Roubo, traição!

Fiuuuu!
Terminou o apito de chegada.

Não tem mais trem,
Não tem mais trem,
Não tem mais trem,
Não tem mais trem,
Não tem mais trem,
Não tem mais trem...

R. Prata
OBS: A foto é  de um trem na estação de Avaré em abril de 1990