5 de junho de 2011


Penso. Logo escrevo.”

NOSSO TREM



Ah! Trem...
Passei pela estação,
Não entrei
Doído de indignação.
Gente que vem,
Gente que vai.
Acabou! Não tem.
Onde foi o vendedor de amendoim do vagão?
Como pôde tanta devastação?

Não tem vintém,
Não tem vintém,
Não tem mais trem,
Não tem mais trem.

Acabou o ritmo!
Doeu. Doeu no íntimo.

Não tem mais trem,
Não tem mais trem.

Cadê o embalo
Da mãe locomotiva
A embalar, a balançar,
Como a nos mimar
Com sua canção de ninar?

Não tem mais trem,
Não tem mais trem.

A moldura da Janela,
Já não mostram mais os quadros
Da casa no campo,
Da vaca no pasto,
Do céu azul,
Da vila.
A alameda,
O riacho,
A cachoeira,
Nunca mais acho!

Não tem mais trem,
Não tem mais trem,

É, não vou mais A Machu Picchu em trens!
Como pôde, alguém que o povo elegeu,
Vender o que era meu,
Vender o que era seu?
Roubo, traição!

Fiuuuu!
Terminou o apito de chegada.

Não tem mais trem,
Não tem mais trem,
Não tem mais trem,
Não tem mais trem,
Não tem mais trem,
Não tem mais trem...

R. Prata
OBS: A foto é  de um trem na estação de Avaré em abril de 1990
A chuva despenca desesperada
A árvore de braços abertos agradece
O campo veste-se de verde
O rio engorda
R. Prata

COISAS DA VIDA


Está certo!
Muitas vezes fui covarde,
Falei quando não devia
Calei quando precisava dizer.
Mas...
Minha vida não se fez de sombras
Tive atitudes no momento oportuno
Às vezes,
Nem sempre certa.
Às vezes,
Nem sempre errada.
Às vezes transpus o tempo
Para além do sopro do vento,
Para além do sopro da vida.
Escalei montanhas íngremes,
Mergulhei no mais profundo lodo,
Mas colhi a flor de Lótus.
Minha vida, mesmo com defeitos,
Não ficou no rascunho.
Foi escrita na pedra com talhe profundo
E de nada me arrependo,
Pois que a história de uma vida,
Não se apaga com borracha.

R. Prata

26 de maio de 2011

Nada é tão ruim que não possa...
Piorar.

MULHER PARA AMAR

Há mulheres de todos os tipos
Com diversos jeitos,
Capacidades, trejeitos
Mas não há nenhuma como aquela que fico

Mulher para amar e ser amada
Mulher para cuidar e ser cuidada
Não é nenhuma “Amélia”,
Pois se fosse, nem gostaria,
Mas é minha querida Nélia.

Se penso, ela faz.
Se ela deseja, eu realizo.
Se quero, ela quer.
Se está fraca, senta-se perto de mim,
Diz que recebe minha energia assim.
E quando me sinto só, sem inspiração,
Peço que fique perto de mim
A vida tem mais sentido assim.
Então, por ela dou graças a Deus
Por presentear-me com uma mulher afim.

Rubens Prata
Quem está vivo sempre...
Desaparece.

O TEMPO É IMPLACÁVEL


Os anos vêm e vão
E eu aqui no ateliê,
A olhar a rua de fábricas.
Operários vão e vem,
Caminhoneiros,
Trazem soja e milho;
Laranjas levam.
Eu aqui a pensar no acontecido,
Como se fosse ontem
Aí me lembro, foi há anos!
Só o tempo passa,
E eu aqui, esperando a vida correr.
Meus pais já passaram,
Muitos amigos já se foram
E eu aqui, esperando meu neto crescer,
A envelhecer, envelhecer.
Parece que foi ontem,
Mas tudo já aconteceu.
E eu aqui, a querer, querer...
Querer viver,  viver...

Rubens Prata

Sou artista plástico no Brasil
E, apesar desse defeito,
Deus me sustenta

SANTOS

Eles não dão o braço a torcer,
Não levam desaforo para casa,
Dizem olho por olho, dente por dente,
Nunca erram,
Dizem-se cristãos ou crentes em Jeová,
Nunca pedem perdão,
Muito menos perdoam;
Nunca esquecem as ofensas.
São heróis de si mesmos,
Para eles, o diferente nunca será seu próximo,
Levam vantagem em tudo,
Andam muito bem armados,
Dividem o mundo,
Não se misturam,
Constroem cercas e muros,
Lutam pela liberdade, democracia e paz.

Paz?????

R. Prata

Lemos, ouvimos, assistimos o grito
de horror daqueles que têm fome, sede de justiça e de respeito .
Jerusalém é a capital indivisível de Israel disse:  Benjamin Netanyahu (primeiro ministro de Israel).

21 de maio de 2011

Quem cedo madruga...
Fica com sono o dia inteiro.
A madrugada irrompe e eu aqui, como sempre, desperto.
As estrelas acenam-me piscando.
A Lua tarda minguando e eu aqui. Quem diria? Com o Frank Sinatra.
Tudo é silêncio na rua e eu só. Mas...
Bem acompanhado, pois a beleza se esconde na noite.
Ao dia pertence o suor, o trabalho exaustivo, a concorrência, a disputa.
Na noite habita o sonho, a frase do poeta, a paz, a diferença e o dia de amanhã.

R. Prata

A CORRUPÇÃO NOSSA DE CADA DIA

 Pasmem! Foi há poucos anos atrás, mas juro que ouvi.

O Seu José, funcionário da prefeitura há muito tempo, cargo vitalício como todos sabem, convidando o meu genro que na ocasião estava num emprego que pagava mal como já é de praxe nesta cidade.

Dizia ele com aquele linguajar assim, como diríamos? “Chique no úrtimu” das TVs e rádios do momento:

- “Óh cumpadre, vem trabaiá cu nóis lá na prefeitura, aí você fica só num sussu assim como ieu”. Meu genro respondeu:

- Ah, mas tem que fazer um concurso e demora muito para me chamarem.

- “Qui nada sô, você só precisa di fazê um testizinho, aí a gente fala cu vereadô Mané, qui cuida dessas coisa, que ele resorve e você entra num instantinho.”

Felizmente meu genro respondeu que ia ver e nunca foi atrás desta proposta.

Até hoje não sei se essa atitude do genro era porque eu estava por perto e ele sabia o que penso da corrupção. Mas o absurdo era que o tal funcionário estava junto com outros três empregados da prefeitura e todos conversavam sem nenhuma vergonha e com absoluta tranqüilidade sobre o assunto.

Pois é, alguém já disse: “Não haverá país nenhum como este!”

R. Prata

P.S. A história é verdadeira, só não coloquei os nomes certos porque não seria correto colocá-los usando a internet.
Felizmente algumas celebridades são biodegradáveis,
Aprecem repentinamente na mídia, depois somem sem deixar vestígios.

13 de maio de 2011

OS FANTASMAS DE ANDRADE SILVA




O apicultor Ubirajara em conversa com o administrador, soube dos fenômenos ocorridos naquela casa de fazenda, escutavam-se ruídos e caiam pedras surgidas em pleno ar.
Os moradores do lugar tinham na ponta da língua as mais esdrúxulas histórias. Uns diziam que ao abrir determinada porteira os espíritos apareciam, outros contavam que ao pé de um gigantesco eucalipto foram enterradas duas meninas vivas. Dizia-se que na casa grande da vila ouvia-se sons de correntes, gente gemendo.
O fato é que aquela pequena vila, perdida entre enormes árvores tinha mesmo aspecto tenebroso e ninguém contaria tantas histórias se nada houvesse. De modo que precaução nunca seria demais.
Era justamente lá pela grande quantidade de antigos eucaliptos dando flor em abundância quase o ano inteiro que o Sr. Ubirajara mantinha três grandes apiários com 30 colméias cada. Bira fazia apicultura migratória, isto é, na florada da laranja levava suas colméias para distantes laranjais, ao término da florada retornava com as caixas de abelhas para o eucalipal, conseguindo assim, produzir maior quantidade de mel.
O medo é contagiante, basta alguém começar a contar histórias fantasmagóricas e todo mundo fica logo sentindo que alguma coisa ruim está para acontecer e, Bira por prudência nunca contara sobre o que sabia aos três ajudantes, a esposa e seus dois medrosos cunhados. No entanto, certa noite quando trazia os enxames de volta dos laranjais, o medo tomou conta de todos e, sem nenhuma explicação, ninguém queria descer para abrir a famigerada porteira e por mais que Bira argumentasse teve, ele mesmo, que descer do veículo para abrir e fechar a porteira novamente.
A tarefa era mesmo difícil e apavorante, pois entravam por um caminho onde não se podia manobrar o carro, isto é, tinham que voltar de marcha a ré, com o auxílio de um lampião bem forte a gás. Além do mais, as gigantescas madeirais destinadas ao céu rangiam, como a gemer noite adentro. O chão era coberto de folhas secas a ponto das pernas ficarem atoladas até os joelhos.
Já no colmeal, com dois lampiões a gás ligados, os quatro com colméias na mão prontas para descarregar no estaleiro, entre os gemidos das árvores, o fenômeno ou poltergeist, sei lá como se chama, começou.
Uma gritaria ensurdecedora aconteceu em volta dos quatro, ao mesmo tempo, as folhas do chão rodopiavam em volta dos apicultores, como se tivessem muita gente correndo em torno deles e movimentando as folhas no chão. Escutavam-se gritos ou grunhidos irreconhecíveis, mas não se viam as pessoas. Era como se um grupo de almas ferozes dançassem em torno deles ameaçando-os com gritos de guerra horripilantes.
O cabelo do seu Ubirajara arrepiou até fazer doer o couro cabeludo e os outros três, quase desmaiando gritavam de medo, até quando o Ubirajara propôs soltar as caixas ali mesmo e voltarem todos para perua a fim de orarem.
Assim fizeram, todos no veículo de portas e janelas fechadas rezaram por longo tempo até que a algazzarra das almas parassem. Mas eles tinham que sair do lugar, era preciso descarregar e alguém ir iluminando o caminho atrás da perua para saírem do lugar de ré.
Com muito custo, Bira convenceu-os de terminar a tarefa.
Para falar a verdade, nunca ninguém descarregou e saiu tão depressa daquele lugar como naquela noite.  Nada mais aconteceu e ninguém queria nem falar no assunto de medo de atrair mais alguma coisa.
Durante toda a atividade e até na viagem de volta as orações não terminaram.
Anos se passaram e o acontecido nunca saira da lembrança do apicultor, mesmo porque ele não admitia passar por situação a qual não pudesse entender, e o que ouvira de comentários do local não corroborava com sua experiência. Até que um dia, o professor de história Franzolin dando uma entrevista na rádio da cidade, esclareceu que ocorrera um grande massacre de uma tribo indígena inteira naquela região.
Bira, ao ouvir, pôde acalmar suas dúvidas, pois aqueles gritos em volta deles mais parecia com uma tribo de índios dançando em torno de seus inimigos e os ameaçando. A língua que falavam, era lógico que não se pudesse entender pois só podia ser Caiowá.
A lembrança do ocorrido, até hoje, chega a ouriçar os pelos do braço e ainda é muito custoso contá-la.

R. Prata

P.S. Essa história é verdadeira e só mudei um nome.

P.S. Em conversa recente com o professor Franzolin, ele me relatou que o governo de uns tempos atrás até pagava para matar índios e que havia pessoas que viviam dessa matança.

9 de maio de 2011

PEQUENO PROTESTO DE UM ARTISTA PLÁTICO ESCONDIDO

Meu nome é Rubens Prata, Artista Plástico, mais conhecido como escultor. Venho aqui expor o meu protesto, pois para uma cidade com a designação de : "Turística" no nome, é um absurto esta cidade não ter nenhuma referência ou citação dos Artistas Plásticos de Avaré nos sites, blogs, folders ou prospectos. Muito menos, uma programação de visitação dos turistas em seus respectivos ateliers.
Outras cidades, mesmo não sendo turísticas, mostram seus artistas em todos os meios que já citei.
Quando procuro o Portal da Cultura de Avaré, não funciona!.
O mesmo acontece com os telefones errados e os:"fale conosco"! dos sites oficiais. Nada funciona!
Sendo assim, venho apelar aos digníssimos vereadores desta cidade "Turistica" que nos representem e tomem iniciativas a favor dos Artistas Plásticos. Digo: Artistas Plásticos.
Pois, se assim não acontecer, estes que bem podem representar nossa cidade -  como nossos artistas -  continuarão a se evadir da cidade como tem acontecido ou, ficarão escondidinhos em seus atelies esperando que seus compradores caiam do céu.
Quero salientar ainda que, pasmem,  nem nos blogs de buscas (não oficiais) da cidade consta os Artista Plásticos de Avaré.
O meu blog é: http://arteprosaderubensprata.blogspot.com  Convido a todos a me conhecerem melhor nesse blog  e repassá-lo  caso gostem.
Agradeço qualquer atitude a nosso favor.

P.S.1 -  Tentei inúmeras vezes enviar esta mensagem através dos sites da Prefeitura, Secretaria do Turismo, Secretaria da Cultura, mas os tais de "Fale Conosco" não funcionam, bem como, os telerfones.

Rubens Prata

P.S. 2 - Se alguém esperar que eu vá correr atrás de algum represetante público. Não vou! Para mim e para todos com um mínimo de descência Arte é Fundamental.

7 de maio de 2011

Ficar triste faz parte da vida
Sofrer não é feio.
A TIA DORA
Repentinamente invadiu-me a alma a saudades de um minúsculo momento de infância. Era o jeito carinhoso de a minha tia Dora colocar a mesa.
Estendia a toalha, ajeitava as xícaras “colorex” com pires, derramava o leite, bem fervido que naquele tempo era vendido em litros, colocava café do bule de louça e açúcar recém retirado do açucareiro. Tudo era bem doce. Cortava ritualmente o pão caseiro e, com a manteiga retirada da mantegueira untava impecavelmente até a extremidade das fatias.
Percebia-se nessas minúcias do café da manha a bem-querência da minha tia por todos que ali estavam.
Foi uma lembrança boa do fazer para os outros, do que conta na vida e do que, provavelmente, conta mais para o Criador.

R. Prata
Ser poeta não rende lucro
Só encanto
É o jeito de um solitário
Tecer seu canto
R. Prata
Como são incoerentes esses novos religiosos.
Se contrato o serviço deles,
Ou termino roubado,
Ou sai sempre muito mal feito.
Se me contratam
Não pagam,
Ou esquecem da encomenda.
E que Deus seja louvado assim mesmo.