24 de janeiro de 2010

A morte é o fim inexorável da vida na Terra. Se vale a pena viver, vale a pena morrer para que esta vida seja mais vivida.

CELEBRAR A VIDA

CELEBRAR A VIDA
Depois dos 60 , cada dia dever ser celebrado,
cada dia vivido se torna, com o passar do tempo, uma vitória.
As tarefas que antes reclamávamos por fazê-las, tornam-se um trabalho importante.
Muitas pessoas e coisas que antes eram tidas como importantes, perdem seu valor.
Estatus, riqueza, diplomas, títulos, beleza – só física - nada valem.
O dinheiro tem tão somente o valor para o qual foi criado.
A gente sabe melhor agora, os reais valores da existência.
Ter a liberdade de poder dizer o que pensa,
de poder chorar como criança, de rir, de abraçar, de se emocionar sem se importar com o que irão pensar de nós.
Ensinar o netinho a fazer xixi no piniquinho,
fazer uma boa comida
Arrumar a casa com carinho.
manter um jardim florido,
trazer responsabilidades aos netos.
Aprimorar a beleza interior,
a beleza do ambiente.
Manter as velhas amizades.
Identificar bondade nas pessoas boas e,
principalmente fazer novas amizades.
São vitórias a serem celebradas.
Minha esposa, com o passar dos anos,
como um bom vinho que quanto mais amadurecido, se torna cada vez melhor
só se tornou mais bela.
O amor transformou-se de instintivo em consciente.
Tudo é feito com mais alma.
Por isso, devemos celebrar a vida.
. “Com a idade e alguma clarividência vamos compreendendo que só o amor e a amizade fazem sentido”.

Rubens Prata
Dia 24/2/08 às 5,50 horas. Esta noite, não dormi, fiquei matutando os acontecimentos da vida – bons e maus. Entre eles o que mais sobressaiu foi o de que precisamos celebrar a vida.
Ontem celebramos as 52 primaveras da minha esposa. Foi bom, comi com gosto, a torta de frango que fora o bolo salgado de seu aniversário. Estavam em casa meu genro Sidnei, minhas filhas e netos.
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Do dia 26-01 até hoje dia: 05-02-08 fiquei tentando escrever como sou realmente hoje, o que penso nesta idade e não consegui. Por isso, só ariei - (ariar = arrancar crostas). Arranquei poucas crostas de mim mesmo. Crostas estas, que não conseguem representar o – eu – mais profundo.
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CHOREI...

Ao receber sua carta.
Chorei...
Um choro aflito,
como de alguém
que quer dar um grito.

Chorei...
Um choro de saudades
por lembrar tanto nossa amizade.

Chorei...
Ao pensar na realidade,
da impossibilidade
de acompanhar a turma,
aprendendo até a maturidade.

Chorei...
Um choro restrito,
um choro escondido;
um choro retido.

Chorei...
Um choro profundo;
um choro sentido.
Um choro pelo mundo.

Chorei...
Por causa das poesias
que você escrevia
e todo mundo:
Lia, relia, discutia.

Chorei...
Um choro bom,
de tempos felizes;
um choro gostoso
de saudades
dos meus aprendizes.

Chorei...
Um choro precisado
de coração amargurado.

Chorei...
Um choro contente;
um choro desabafado;
um choro que faz bem,
um choro desagravado.

Chorei muito!
Mas não foi coisa ruim.
Chorei lágrimas que lavam a alma.
Chorei lágrimas que consolam,
que restauram as forças.
Foi bom, porque
não sabia,
não conseguia e,
precisava chorar.

Pois é. Chorei!
Um choro bendito;
Um choro aguardado;
Um choro guardado,
num peito apertado.

Eu, Rubens em + ou – 2002.
Hoje é dia 24-02-2008, 1 hora da madrugada. Estava eu neste dia procurando uma pasta para guardar os poemas escritos este ano, quando dentro de uma velha pasta reencontrei os versos a seguir:
CHOREI - (quando recebi uma carta dos meus amiguinhos – os ex-alunos: Fábio e Michele no ano de 2002.)
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Os índios guaranis quando querem dizer que uma pessoa fala muito, dizem que esta pessoa é: “nhenhenhe” e se ela for mais prolixa será: “nhenhenhe – nhenhenhe”.
Acho que fui só: nhenhenhe – nhenhenhe ... .... ....
De qualquer forma, me desculpe! Pense que estou caindo de bêbado, contando casos na mesa de um bar com amigos igualmente embriagados. Por isso só sai “ nhenhenhe ...”

MINHA CASA

Quero ficar com o pé no chão.
Não quero dar voltas pela galáctica.
Não vou viajar num disco voador.
Nem desejo conhecer a Via Láctea.

Meu gênio animal está perfeitamente adaptado,
para aqui existir.
É aqui onde posso ter liberdade.
Aqui, onde tenho raízes profundamente plantadas.
Aqui, onde minhas sementes foram espalhadas.
As sementes que dão frutas:
caqui, jabuticaba, sapoti
As sementes que dão frutos:
consciência, caráter, dignidade.
.
O planeta Terra é minha única casa!
Não tenho onde ir!
Não posso partir!
Não há como sair!

Devastar deve ser motivo para a guerra.
Queimar a floresta é matar nossa vida.
Derrubar árvores é roubar nossa Terra.
Essa gente assassina,
só pode ser tratada como bandida,
deste planeta,
deve ser banida.

Não sou forasteiros.
Sou filho da Terra.
.Sou feito de água
do rio,
do céu.
do mar,
Fui esculpido com o pó da terra
Preciso do ar.

Sou da terra o sal.
Sou aquele que faz a diferença,
Sou mesmo o mineral,
Sou aquele que pensa.
Sou guerreiro.
Sou bravo.
Sou forte.
Posso enfrentar o poder,
até a morte.

Minha arma é minha língua.
A luta é minha sina.
Venha comigo,
quem a mim se afina.
Nosso canhão é a palavra.
Nossa metralhadora a internet.
Nossa bomba atômica é a atitude

Sai da frente
que eu atropelo.
Minha bandeira
é o planeta Terra.
Minha arma é o verbo.
Minha paciência já era.

Eu, Rubens
Eu sempre quis partir daqui, sempre desejei saber como era outros mundos, Mas um dia quando comecei a escrever sobre isso. Tive um sonho com outro lugar – foi horrível – aí eu percebi que meu lugar era aqui e é nesta Terra que podemos tudo.

SIMPLESMENTE

Simplesmente eu te amo.
Não sei de onde,
não sei por que.
Simplesmente eu te amo.

Você não pensa como eu,
Não participa dos meus sonhos,
Não gosta das coisas que gosto.
Não chora com meus desenganos.
Mas...
Simplesmente eu te amo.

Você está sempre por perto.
Daí, não sente saudades.
Não liga para o meu verso.
E eu, não sou nada esperto.
Mais sei que...
Simplesmente eu te amo.

Você cuida de mim,
me faz um café.
Eu vivo assim:
te servindo na cama,
te fazendo um cafuné.
Simplesmente eu te amo.

Na doença, na riqueza.
Na saúde, na tristeza.
No trabalho, na pobreza.
Simplesmente eu te amo.

Nélia...
Por ti, tenho todo amor.
Seja discutindo,
seja na dor,
seja plantando flor.
Simplesmente eu te amo.

Eu, Rubens

CACHORROS & CIA.

Esta história de cachorros e gente advém de meu hábito de observar a flora, fauna, edifícios, gente. Tudo enfim.
Na praça, onde trabalhava , tinha muitos amigos, inclusive nove cães de rua. Havia um baixinho, negrinho e mau humorado que tanto se recusava a brincar com os outros animais quanto a se aproximar de mim. Fora o rabugento, essa turma canina, passava para cumprimentar-me todo dia, parando sempre para uma conversinha. Papo de cão, é claro!
Aquela conversa gostosa estabelecida através de rabo abanando, alegres latidos, de ficar em pé apoiado no seu corpo, de pulinhos, de lambidas, de deitar-se no chão de barriga para cima mostrando submissão e humildade, de chegar com cabecinha abaixada e olhar amistoso.
No grupo, dois garbosos e grandes cães pareciam irmãos. Eram esnobes, recusando, às vezes, o prato mais apetitoso. Os outros, sem cerimônia, comiam de tudo. Mas, individualmente, cada um, guardava personalidade inconfundível. Dois deles, ao aproximarem-se de mim, davam a volta na rua, passando por trás, olhando de soslaio temendo o jacaré de madeira que esculpira. Um amalucado postava-se sempre a frente de um São José de cedro a latir a fim de chamar sua atenção. Sou escultor e essas doidices representavam sincera homenagem à minha arte.

Cara de um focinho de outro!
Era hilariante, o Pit Bull abre alas instigando os transeuntes a desviarem dele e do dono que trazia atrelado a forte corrente. A coleira preta, adornada de metais era igual as que prendiam os pulsos do jovem. Lá estava o par perfeito!
O rapagão, muito bem produzido em academias possuía igualmente ao cão um peito gigantesco, braços explodindo músculos, cabelo serrado a moda “bad boy”. Despertavam a idéia de que seus cérebros, deveriam ser do mesmo tamanho e, a dificuldade da fera ao coçar as pulgas com tanto peito e músculos deveria ser semelhante a do rapaz ao limpar suas partes pudicas.

Ah! O Pit Bull faz lembrar-me do gigante maravilhoso São Bernardo babão que puxava sempre um lambuzado, franzino e indefeso velho pelas ruas, defecando troços de elefante por toda a calçada sem o menor escrúpulo.


Bem, nem tudo é ruim, há fatos piores ainda!

Semana sim, semana também, transitava nas proximidades a ricassa com seu milionário animal – (o Ferrari dos cachorros) . Ele era alto como a mulher, seus longos e rigorosamente penteados cabelos eram idênticos aos da “madame”. Não tinham a menor sensibilidade artística, nem respeito ao semelhante. A fulana esperava pacientemente o dito cujo cheirar e urinar nas minhas obras, em seguida, vinha aquele troço fétido junto às imagens de madeira. Depois, ambos de rabo e nariz empinados, partiam sem a menor consideração. Esperava eu, um dia, pegar essa dona e esvaziar minha bexiga cheia, em suas pernas!

De vez em quando, aparecia o senhor de má fama. O tal acomodava-se no banco da praça com seu Pastor Alemão. Era até bonito de olhar aquela dupla juntinha no banco. Mas, ao passar alguém na calçada, o diabo, em fúria inesperada precipitava-se contra o transeunte, matando de susto o distraído. O sujeito calmamente puxava o demônio pela correia de volta para cima do banco sem pedir nenhuma desculpa às pessoas.
Talvez fosse justamente esta atitude, o motivo da fama daquele homem.

Minha esposa, adora animais, chega ao cúmulo de desviar a atenção ao volante, para mostrar-me um cão como se tivesse visto um canguru solto em plena cidade.
Pois é, ela mesma correu para paparicar um Maltês alvo que vinha sendo carregado por uma senhora de focinho fino, sapato alto, passinhos curtos e barulhentos como haveria de ser os passos da cadela se não estivesse em seu colo. A mulher sentiu-se lisonjeada com tanta admiração. Agradeceu, falou sorridente sobre não a colocar no chão para não sujar suas patinhas. Porém, quando minha mulher foi acariciá-la. A infeliz afastou-se gritando desesperada:
-- Não. Não ponha a mão! Não ponha a mão!
Puxa! Esse dia ficou para a história.
Achava a empertigada, que uma reles humana poderia contaminar sua cachorrinha.


Bom, nem tudo é mau neste mundo cão. Tive eu, dois cachorros que foram a minha cara.

Um deles foi o Max (diminutivo de Maximiliano), porte grande, robusto, cor marron sujeira e boca enorme. Não era exatamente meu, mas de um cunhado o deixou uns dez anos comigo.
Max tinha a força e a persistência de um caboclo, levou tiro de bala, mordida de cobra, lutou com feroz ariranha e muito mais.
Ele não era de prosear, embora tivesse tanto a contar. Protegia a casa, eu e a família como exímio guarda-costas. Era o bom e quieto companheiro de lida e de aventuras. Nunca mordia ninguém inutilmente, só caçador, assim que arredavam pé de seus veículos. Para a nossa alegria. É lógico!
Eu como ele, odiávamos caçadores.
A característica desse cão era a de um gentleman, não rodeava a mesa a espera de comida, preferia um pedaço de pão caseiro a um suculento bife. Aliás, só nesse caso, acompanhava o preparo da massa atentamente, esperava ir para o fogo onde se postava sentado apoiado ereto nas patas dianteiras, imóvel, com olhar fixo no vidro do forno até que o pão ficasse pronto. Embora ansioso, esperava educadamente sem pular ou avançar a sua parte dessa delícia do paladar.
Toda manhãzinha, saia eu e meu Max a procura de nossa vaca para tirar o leite do dia, eu corria quilômetros à pé, para pegá-la. Ele corria junto para espantá-la.
Tá certo, nem tudo era perfeito. Nossa! Isso dava uma canseira...

Tive outro, a Baby, que o Dr. me dera porque não saia do seu pé, não o deixava trabalhar. A experiência com corvense que são eles, os mais amorosos do mundo.
No princípio, chorava de saudades do médico. Com o tempo, se derretia em prantos se não a colocávamos para dormir conosco. Quando a esposa adoentava, Baby chorava baixinho ao pé da cama a noite inteira até seu restabelecimento.
Em casa andava grudadinha o dia inteiro com minha mulher, a ponto de atrapalhar as tarefas do lar.
Eu saia, ela ia junto. Nem precisava coleira, pois caminhava encostada a minha perna, passo a passo como militar.
Às vezes, saíamos de bicicleta, ela corria atrás, mas reclamava latindo, até o dia no qual descobrimos seu desejo de andar de bicicleta com a gente. A partir daí, a colocávamos num cesto em frente ao guidão, aonde a danada ia alegre e em pé, como a dirigir a bicicleta também.
Com a perua Kombi foi a mesma coisa, a púnhamos atrás, ela pulava para a frente, sentava entre eu e minha amada, colocava as patas na direção, e vez ou outra, ia na janela ao lado do motorista que era eu.
Num determinado dia infeliz, frio e chuvoso, tivemos que viajar, sem poder levá-la no ônibus, então a deixamos numa área com porta de vidro. Ela quebrou o vidro e não conseguiu entrar de volta, passou a noite ao relento esperando-nos. Cockers são muito frágeis às doenças e quando voltamos, ela estava fraca, No veterinário tomou injeções e medicamentos.
A Baby não nos deixava, ao voltar do veterinário, no colo da minha esposa chorando de mansinho, esforço-se até seu último fôlego, para pegar um pedacinho do meu colo também. Faleceu olhando para a gente.
Seu corpo esticado, assimilava naquele momento a forma de uma criança. Ou melhor, a de um anjo, travestido em animal, para viver amando-nos por um bom tempo.
Tive raiva de mim, porque não acreditava que pudesse gostar mais de um animal do que de um ser humano. Justo eu sendo um misantropo era inadmissível! Exatamente eu, mais do que ninguém em casa, chorei copiosamente e ininterruptamente por dois meses consecutivos.
Ainda hoje, depois de dezessete anos, quase não consigo terminar esta história, de tanto chorar de saudades.
Ela mudou-me, antigamente pensava que pessoas ligadas demais a animais, não conseguiam amar seres humanos. Hoje sei que há pessoas assim, mas há incontestavelmente outras que nasceram para amar todos os seres vivos.

Rubens Prata – 09/01/09

ERA PARA SER ASSIM

ERA PARA SER ASSIM

Tentei consertar,
o que estava para ser assim.
Tentei encontrar,
o que era para fugir de mim.

Tentei levar o burro para sanar sua sede,
quando ele não queria beber água.
Tentei plantar,
quando a terra seca não fazia brotar.
Tentei amar,
quando ninguém tinha nada para dar.

Achei que estava certo,
mas nem cheguei perto.
Busquei longe,
o que estava debaixo do meu teto.
Pensei que fosse esperto

Tentei fazer o que achava correto.
Amei as crianças dos vizinhos.
Os filhos do José, da Maria,
do Paulinho.
Mas quem esperava por mim,
Era meu neto.

Por fim...
Tentei chorar,
quando não tinha lágrimas para derramar.

fiz.

Eu morri, eu renasci
O importante é que eu vivi.

Tinha de ser assim.

Rubens Prata - 2007

VALDEMAR

Chamava-se ele: Valdemar.
Dizia:
“ O mais importante na vida são:
mulheres, cigarros, bebida!”

Ele era o Sr. Valdemar
Me mostrava como ser um bom operário.
Levava´me para ver o mar.
Construía objetos de vidros,
que faziam brilhar meu olhar.

Contava vantagens,
à mesa de um bar.
Contava histórias.
Me levava ao Vila Sofia.
Cantava as meninas
em todas as esquinas.
Era o Sr. Valdemar

Valdemar...
Meu herói neste mundo.
Um lindo ébrio.
Bêbado, machista, vagabundo.
que sabia amar.

Valdemar.
Ele me queria.
Era meu pai.

Eu, Rubens

FILHOS BASTARDOS

FILHOS BASTARDOS

Seria bom...
Se todos os jovens pudessem dizer:
Eu tenho um pai.
Ele ensinou-me isto!
Ele disse-me faça assim!

Vai longe o tempo de quem se importava.
Em fazer-me um prato.
Em cuidar da casa.
Em contar-me um fato.

Todo mundo quer ter.
Ninguém mais quer ser.
Ninguém quer ser aquele que trabalhe,
que cuida, que agasalhe, que ensina.

Todo mundo quer ter:
Um lindo corpo,
um luxuoso carro,
um bom cargo.
Pois é!
Um belo filho até.
E daí!
Rubens Prata

PAI, OLHE PARA MIM !

Pai, por que você não olha por mim?
Será que estou torto.
Porque sou gordo.
Porque sou peso morto?

Pai, por que você não olha para mim?
É porque estou teso?
Porque você quer viver solto?
Porque estou preso?
Você não quer estar com responsabilidades envolto?

Por que você não olha para mim?
Porque eu uso óculos?
Você tem medo de que eu lhe dê
um ósculo?

Eu não pedi para você me por no mundo!
Você abandonou-me na casa da tia.
Escrevia, não lia, o pau comia.
Logo ela pôs-me na rua.
Eu vivi sujo e imundo.

Ninguém emprega ou dá guarida a uma criança de 10 anos.
Eu roubava para a comida.
Com o tempo, assaltava depois corria.
Não tinha com quem falar,
o que sentia.
Agora estou aqui,
atrás das grades.
Pai, por que você não olha para mim?

Eu, Rubens

Conto: A CUÍCA

Conto: A CUÍCA
Numa agradável noite, no Jardim Brasil em Avaré, amigos fraternos conversavam,ouvindo boa música sob a luz da Lua e do fogo ardendo e salpicando as carnes do churrasco que prometia fazer prolongar ainda mais a conversa. De repente, os cães trocaram as ambicionadas gorduras que lhes atiravam por um espetáculo maior. Latiam tanto e em tão alto tom que o pessoal correu para ver o acontecido. Tratava-se de um animalzinho acuado agarrado aos mais altos ferros do portão.
Puderam observar o bichinho bem de pertinho por poucos instantes, antes que pulasse apavorado para rua sumindo em disparada.
O acontecido foi o ponto alto da conversa madrugada adentro.
Lá estavam pessoas apaixonadas pela natureza e cônscias de que deva haver atitudes rigorosas de toda a população a fim de preservar o ambiente, a fauna e a flora.
Sabiam que o homem estará fadado a destruição se não se decidir a proteger a vida.
Um aficionado observador de plantas e animais lembrou que já tinha visto este bicho numa revista e ia procurá-la para saber o que viram exatamente. O outro relembrou suas andanças pela cidade, nas quais se distraia olhando as árvores e aves da cidade.
--É pena! Avaré não tem uma turma de passeio como em SP, onde há vários grupos (pretendentes a ornitólogos) divertindo-se ao fotografar na rua e pesquisar, em bibliotecas, pássaros. Naquela cidade poluída e sem natureza já catalogaram mais de 170 espécies. Imagina o que não se descobriria em Avaré?
A conversa ia fundo sobre a inércia de todos, as ruas e rios emporcalhados, o assoreamento do Rio Novo, o córrego do Lageado, a enorme erosão perto da João Melão. Falaram de tudo, até da restauração e tombamento de alguns edifícios da cidade. Enfim, tudo é meio ambiente.
--Havendo vontade política, atitude dos cidadãos em ralhar com o desleixo dos “porcos” que a tudo sujam, e com a inaptidão dos administradores e representantes do povo, nossa cidadania estaria mais presente... – Acrescentava mais um.
Pois é, em julho, alguém na televisão dizia que o Brasil possuía 16% de toda a água aproveitável do mundo. Outro, uma representante de uma ONG americana, lembrava nossa missão ecológica e o maior número de espaços preservados. Falta muito a fazer. Mas, nunca é demais lembrar que o Brasil poderá ser o país do futuro se ações começarem a ser feitas imediatamente. Daqui a 20 anos, sabe-se, não haverá suficiente água no planeta e está aqui a possibilidade do bom futuro.
Que tal distrair-se atazanando a vida dos congressistas através da Internet? Dos vizinhos “porcos”?
Semanas depois o participante que prometera pesquisar o animal trouxe uma foto de Uma Cuíca retratada por Johann Naterer em Ipanema – SP dia 4/6/1819. Um outro, trouxe outra foto de um gambá brasileiro diferente daqueles que acostumamos ver na TV ou em revista. O mais interessante de tudo é que se tratava de um marsupial. Marsupial Brasileiro.
Afinal, decida o leitor: Cuíca ou gambá.

Rubens Prata – agosto de 2000

OBS: CUÍCA (Gracillinamus microtarsus).
Um GAMBÁ possui glândulas perto do anus que secretam um líquido mal cheiroso. É só uma forma de defesa quando é ameaçado. Em estado normal, seu cheiro é igual ao de qualquer outro animal.

57 ANOS

Hoje aos 57, eu posso chorar.
Posso dar-te um beijo,
um forte abraço.
Posso até te amar.

Amar... Nos pede Jesus,
que seja universal.

Hoje aos 57.
Sou homem,
sou mulher,
sou criança.
Nem penso no mal.

Hoje aos 57.
Não imponho barreiras à alma.
Não tenho medo de emocionar-me.
Faço tudo com calma.
Não tenho receio de compadecer-me.

Hope aos 57.
Não me importa os pré-conceitos.
Não sou machista.
Não quero ter sempre razão.
Não sou feminista.

Penso que Deus,
é masculino,
é feminino.

Hoje aos 57.
Gosto de ser homem,
gosto do meu pinto,
da mulher que me ama.
Gosto do que sinto.

Eu, Rubens

O QUE IMPORTA?

O que importa?
Que eu não tranque minhas emoções.
Que eu não feche minha porta.
Que eu não fique sem minhas canções.

O que importa?
Que você me ame;
Na riqueza, na saúde, na doença, na pobreza.
Que me ame sobretudo.
Que me faça uma torta.

O que importa?
Não dar bola para a vizinha,
Não ouvir a candinha.
Não ter a língua torta.

O que importa?
Não ser surdo, cego, mudo;
perante as atrocidades,
á natureza morta,
à desumanidade,
à desculpa torta.

O que importa?
Que você esteja ao meu lado.]
Que juntos ouçamos um fado.

Eu, Rubens

CUIDADOS OPORTUNOS

Cuidado com alguns ecologistas de plantão.
Tem deles que se derretem, esperneiam pelo cachorrinho magrinho.
Mas, não estendem a mão à criança espancada na rua.

Cuidado com os não fumantes implicantes.
Porque eles dão câncer no saco.

Cuidado com os fabricantes de crises
Não são eles que saem ilesos e com muito lucro?

Cuidado com os programas da TV
Alguém aí já foi consultado pelo IBOPE?
Será que nossa existência tem alguma coisa a ver com os noticiários e entrevistas?

Cuidado com as delicadas personalidades que desfilam em festas sociais.
Tem gente parecendo barata.
Por fora o verniz da aparência de educação.
Por dentro só podridão.

Cuidado com o Programa de Educação
Nos E.U.A os alunos, desde crianças, aprendem que a Amazônia é patrimônio da humanidade.
Assim, quando quiserem nos invadir terão o apoio da população.
No Brasil, durante um tempo, fomos preparados pela mídia , mostrando a que era importante a privatização. Foram bons os resultados?

Cuidado com o doido que lhe escreve.
Está estória só pode ser um pé no saco.

Eu, Rubens Prata – 20 -10 – 2008

MUNDO ESTRANHO

Mundo estranho,
estranho mundo.
Crianças mal saídas da fralda,
sem, ao menos, saber falar.
Já sabem dançar.
De mini-saia, salto alto.
Já aprenderam rebolar.
Mal começaram estudar.
Já querem namorar.

Nas academias cheias, a preocupação:
dar belas formas ao corpo.
Quem pensa em dar um sentido a vida?

Mundo estranho,
estranho mundo.
Na rádio, um apelo desesperado
insiste diariamente,
pela cachorrinha perdida.
Na rua, em frente ao Pet-Shop,
uma menina é desaparecida.

Estranho mundo,
mundo estranho.
Na sarjeta jaz um moribundo,
uns passam ao largo, outros desviam.
Os amigos de antanho?
Nunca o viram!

Mundo estranho,
estranho mundo.
Ns TV, quase em rede nacional,
o show da fé, garante saúde e riqueza.
Cantam,
As histórias dos heróis da bíblia, encantam.
Provocam êxtases.
Prometem o paraíso na Terra, dançam.
Fazem “milagres” em nome de Jesus.
Falam da alma, dos ensinamentos do Cristo?
Gritam....
Aleluia! Aleluia!

Mundo estranho,
estranho mundo.
Na mídia, o cantor sem voz,
faz sucesso com a música debochada.
Nas esquinas,
o bom poeta
encanta as meninas.

Mundo estranho,
estranho mundo.
Na TV...
Ah a nossa TV, barata e de todo mundo.
A vulgar entrevistadora,
passa horas com o mancebo vagabundo.
Ele tem algo a dizer?

Mundo estranho,
estranho mundo.
No Pará, a pequena violentada,
não sai da cadeia,
durante 20 dias com 20 homens.
Em Brasília, o vilão afortunado,
não abandona sua cadeira.
Pore mais de 20 anos,
Renan faz carreira.

Mundo estranho,
estranho mundo.
O pai desesperado
que roubou o pão.
Aguarda o julgamento na prisão.
O rei da corrupção,
visita de jatinho,
suas propriedades,
sua mansão.

Mundo imundo,
estranho mundo.
No jornal,
a notícia do planeta em devastação.
Na rua,
um homem jogando o jornal no chão.
Quer saber?
Não assisto mais televisão.

Mundo imundo.
As favas com esse mundo,
que eu não me chamo Raimundo.

Eu, Rubens
As pseudo-poesias escritas acima foram escritas do dia 26 de janeiro ao dia 5 de fevereiro de 2008.

22 de janeiro de 2010

RETRATO DE RONALDO PEREZ

Paracatam, pacatam, pacatam.
Paracatam, pacatam, pacatam

Canto com violão:
Rumba, Chá-chá-chá,
Samba canção.

Canto ao som do oboé:
à Rosa flor, à Maria,
ao Seu José.

Canto, Canto, Canto.

Canto de dia e de noite.
Canto na esquina:
Xote, embolada, maracatu.
Canto à beleza da menina.


Canto na avenida:
A mulher nua,
A minha querida,
faço versos na rua.

Canto, encanto tanto.

Canto baixo, canto alto:
Bethoven, bolero, Rock.
Eu me chamo Ronaldo.
O que quer que eu toque?

Canto no asfalto.
Canto grave, canto agudo.
Canto em contralto.
Nunca fico mudo;

Canto, canto, canto;

Canto caro e de graça.
Promovo o bem, o encontro.
Faço a festa,
tenho a graça
de tocar o que conto.

Canto, canto, encanto;

Canto samba com fé.
Sou o menestrel.
Moro em Avaré.
Cantando, vivo no céu.

Canto, Canto, Canto.

Paracatam, pacatam, pacatam.
Paracatam, pacatam, pacatam

Eu, Rubens 21/01/08

OBS: Esta poesia foi feita especialmente para ser musicada pelo próprio Ronaldo

TEM GENTE

Tem jovem que é velho.
Tem velho que é jovem.
Tem gente que pensa que é vivo.
Mas não sabe, já morreu.

Tem gente que só gosta de cães.
Tem gente que cuida dos gatos.
Tem gente que gosta da gente.

Tem gente que sente.
Tem muitos que mentem.
Tem mestre que finge ensinar.
Tem aluno que finge aprender.
Tem outro, que foge pela tangente.

Tem médico que pensa tratar da gente.
Tem outro que cuida da gente.
Tem gente que planta a semente.
Tem também, quem roube a gente.

Tem gente que derruba a mata.
Tem pessoas, que sujam a rua.
Tem bandido que mata.
Tem poeta, que faz poema para a Lua.

Tem gente, que faz tudo mal feito.
Tem pai que não ensina seus filhos.
Tem outro que nem tenta.
Onde merece morar essa gente?

Tem gente, que acredita na gente.
Tem gente, que duvida da gente.
Tem alguns que exploram a gente.
Tem gente que precisa da gente.

Tem gente que veio ao mundo só para passear.
Tem outro que veio para sustentar.
Tem quem chegou só para trazer problema.
Tem aqueles que vieram para resolver o esquema.

Tem gente que acha que todo mundo é mau.
Com isso, encontra pretexto para praticar muito mal.
Tem gente que planta o milho.
Tem gente que cuida do filho.

Eu,Rubens 20/01/08

FALEM BEM OU MAL, MAS FALEM DE MIM

Podem comentar bem ou mal,
Mas falem de mim
Podem dizer o que sou
e até o que não sou.
Não importa, bom ou mau.
Falem de mim.

Dizem que sou humanista,
outros me chamam orgulhoso..
Sou até anarquista.
Que contradição!

Só sei, que na vida não sou turista,
Tenho responsabilidades, endereço,
e como profissão: desenhista.

Já me disseram que sou liberal.
Que sou gordão.
Que como mal.
Mas no fundo,
sou tudo isto.
Sou também,
nada disto.
Ninguém é só uma coisa ou outra.
Todo mundo é muita coisa.
Eu....
Sou MUITOOOOO!.

 Rubens Prata