O apito toca,
As fábricas despejam
a massa que escoa pela rua, Uma ou
outra corre em busca do filho na creche, O carnê no bolso apela pela quitação
da prestação, Os bagaços humanos sentem as dores da rotina. --Ah!... O cansaço.
Em
casa,
As roupas apodrecem
no tanquinho comprado a prestação Estende-las? Não sei se chove!
A pia
cheia de louça,
O
jantar por fazer,
O sofá
é o melhor lugar
A TV mostra pela
quatro centésima vez, o advogado que matou a esposa.
A
Globo manipula ataques ao governo,
O operário engole,
amargo, a resposta não dada ao chefe estúpido.
E a
fofoca da fulana na fábrica como fica?
--Ah!... O
emprego... Não posso perdê-lo!
Em casa, o operário
não se despe dos problemas da fábrica.
O
assunto é fábrica, a preocupação é a fábrica,
--Calem a boca
crianças! Não vê que estou cansado.
Assim
a vida passa, a aposentadoria chega.
--Ah que alívio!
Agora vou ter tempo.
A
doença se instala e a morte chega e os filhos...
Os
filhos, ‘´*&)_+^Ç@!#$%”=-]/?®™<>,.;Q1)
Rubens Prata