14 de abril de 2013

O OPERÁRIO PERFEITO



O apito toca,
As fábricas despejam a massa que escoa  pela rua, Uma ou outra corre em busca do filho na creche, O carnê no bolso apela pela quitação da prestação, Os bagaços humanos sentem as dores da rotina.  --Ah!... O cansaço.
Em casa,
As roupas apodrecem no tanquinho comprado a prestação Estende-las? Não sei se chove!
A pia cheia de louça,
O jantar por fazer,
O sofá é o melhor lugar
A TV mostra pela quatro centésima vez, o advogado que matou a esposa.   
A Globo manipula ataques ao governo,
O operário engole, amargo, a resposta não dada ao chefe estúpido.
E a fofoca da fulana na fábrica como fica?
--Ah!... O emprego... Não posso perdê-lo!
Em casa, o operário não se despe dos problemas da fábrica.
O assunto é fábrica, a preocupação é a fábrica,
--Calem a boca crianças! Não vê que estou cansado. 
Assim a vida passa, a aposentadoria chega.
--Ah que alívio! Agora vou ter tempo.
A doença se instala e a morte chega e os filhos...
Os filhos, ‘´*&)_+^Ç@!#$%”=-]/?®™<>,.;Q1)

Rubens Prata